quarta-feira, 5 de outubro de 2011

DESTINOS



A árvore generosa eleva-se à beira da estrada.

Os viandantes que passam famintos e exaustos buscam-lhe os frutos.

E, no desvario de suas necessidades, atiram-lhe pedras.

Espancam-na com varas.

Sacodem-lhe os galhos.

Quebram-lhe as grimpas.

Talam-lhe as folhas.

Sufocam-lhe as flores.

Esmagam-lhe os brotos tenros. Ferem-lhe o tronco. Mas, a árvore, sem queixa nem revolta, balou­çando as frondes, doa, a todos que a. maltratam, os frutos substanciosos e opimos de sua própria seiva.

Esse é o seu destino.

*

Também na estrada da existência onde você vive, transitam os viajores da evolução apresentando múltiplas exigências a lhe rogarem auxilio.

E, na loucura de seus caprichos, atiram-lhe pe­dras de ingratidão.

Espancam-lhe o nome com as varas da injúria. Sacodem-lhe o coração a golpes de violência. Quebram-lhe afeições preciosas, usando a ca­lúnia.

Talam-lhe os serviços com a tesoura da incom­preensão.

Sufocam-lhe os sonhos nos gases deletérios da crueldade.

Esmagam-lhe as esperanças com as pancadas da crítica.

Ferem-lhe os ideais com a lâmina da ironia. A todos, porém, sorrindo fraternalmente, apren­da com a árvore generosa a doar os frutos do pró­prio esforço, sem revolta e sem queixa.

*
Espírita, não estranhe se esse é o seu destino.

Quando esteve humanizado entre nós, com amor incomum, esse foi o destino de Jesus, Nosso Mestre.



De "Bem-Aventurados os Simples", de Waldo Vieira - Valérium

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