sábado, 30 de abril de 2011

25
TENDE CALMA
“E disse Jesus: Mandai assentar os homens.” — (JOÃO, capítulo 6,
versículo 10.)
Esta passagem do Evangelho de João é das mais significativas. Verifica-se
quando a multidão de quase cinco mil pessoas tem necessidade de pão, no
isolamento da natureza.
Os discípulos estão preocupados.
Filipe afirma que duzentos dinheiros não bastarão para atender à
dificuldade imprevista.
André conduz ao Mestre um jovem que trazia consigo cinco pães de
cevada e dois peixes.
Todos discutem.
Jesus, entretanto, recebe a migalha sem descrer de sua preciosa
significação e manda que todos se assentem, pede que haja ordem, que se
faça harmonia. E distribuí o recurso com todos, maravilhosamente.
A grandeza da lição é profunda.
Os homens esfomeados de paz reclamam a assistência do Cristo. Falam
nEle, suplicam-lhe socorro, aguardam-lhe as manifestações. Não conseguem,
todavia, estabelecer a ordem em si mesmos, para a recepção dos recursos
celestes. Misturam Jesus com as suas imprecações, suas ansiedades loucas e
seus desejos criminosos. Naturalmente se desesperam, cada vez mais
desorientados, porqüanto não querem ouvir o convite à calma, não se
assentam para que se faça a ordem, persistindo em manter o próprio

  • desequilíbrio.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

24
O TESOURO ENFERRUJADO
“O vosso ouro e a vossa prata se enferrujaram.” — (TIAGO, capítulo
5, versículo 3.)
Os sentimentos do homem, nas suas próprias idéias apaixonadas, se
dirigidos para o bem, produziriam sempre, em conseqüência, os mais substanciosos
frutos para a obra de Deus. Em quase toda parte, porém,
desenvolvem-se ao contrário, impedindo a concretização dos propósitos
divinos, com respeito à redenção das criaturas.
De modo geral, vemos o amor interpretado tão-somente à conta de
emoção transitória dos sentidos materiais, a beneficência produzindo
perturbação entre dezenas de pessoas para atender a três ou quatro doentes,
a fé organizando guerras sectárias, o zelo sagrado da existência criando
egoísmo fulminante. Aqui, o perdão fala de dificuldades para expressar-se; ali,
a humildade pede a admiração dos outros.
Todos os sentimentos que nos foram conferidos por Deus são sagrados.
Constituem o ouro e a prata de nossa herança, mas como assevera o apóstolo,
deixamos que as dádivas se enferrujassem, no transcurso do tempo.
Faz-se necessário trabalhemos, afanosamente, por eliminar a “ferrugem”
que nos atacou os tesouros do espírito. Para isso, é indispensável
compreendamos no Evangelho a história da renúncia perfeita e do perdão sem
obstáculos, a fim de que estejamos caminhando, verdadeiramente, ao encontro

  • do Cristo.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

23
VIVER PELA FÉ
“Mas o justo viverá pela fé.” — Paulo. (ROMANOS, capítulo 1,
versículo 17.)
Na epístola aos romanos, Paulo afirma que o justo viverá pela fé.
Não poucos aprendizes interpretaram errada-mente a assertiva.
Supuseram que viver pela fé seria executar rigorosamente as cerimônias
exteriores dos cultos religiosos.
Freqüentar os templos, harmonizar-se com os sacerdotes, respeitar a
simbologia sectária, indicariam a presença do homem justo. Mas nem sempre
vemos o bom ritualista aliado ao bom homem. E, antes de tudo, é necessário
ser criatura de Deus, em todas as circunstâncias da existência.
Paulo de Tarso queria dizer que o justo será sempre fiel, viverá de modo
invariável, na verdadeira fidelidade ao Pai que está nos céus.
Os dias são ridentes e tranqüilos? tenhamos boa memória e não
desdenhemos a moderação.
São escuros e tristes? confiemos em Deus, sem cuja permissão a
tempestade não desabaria. Veio o abandono do mundo? o Pai jamais nos
abandona. Chegaram as enfermidades, os desenganos, a ingratidão e a
morte? eles são todos bons amigos, por trazerem até nós a oportunidade de

  • sermos justos, de vivermos pela fé, segundo as disposições sagradas do Cristianismo

quarta-feira, 27 de abril de 2011

22
QUE BUSCAIS?
“E Jesus, voltando-se e vendo que eles o seguiam, disse-lhes: Que
buscais?” — (JOÃO, capítulo 1, versículo 38.)
A vida em si é conjunto divino de experiências.
Cada existência isolada oferece ao homem o proveito de novos
conhecimentos. A aquisição de valores religiosos, entretanto, é a mais
importante de todas, em virtude de constituir o movimento de iluminação
definitiva da alma para Deus.
Os homens, contudo, estendem a esse departamento divino a sua viciação
de sentimentos, no jogo inferior dos interesses egoísticos.
Os templos de pedra estão cheios de promessas injustificáveis e de votos
absurdos.
Muitos devotos entendem encontrar na Divina Providência uma força
subornável, eivada de privilégios e preferências. Outros se socorrem do plano
espiritual com o propósito de solucionar problemas mesquinhos.
Esquecem-se de que o Cristo ensinou e exemplificou.
A cruz do Calvário é símbolo vivo.
Quem deseja a liberdade precisa obedecer aos desígnios supremos. Sem
a compreensão de Jesus, no campo íntimo, associada aos atos de cada dia, a
alma será sempre a prisioneira de inferiores preocupações.
Ninguém olvide a verdade de que o Cristo se encontra no umbral de todos
os templos religiosos do mundo, perguntando, com interesse, aos que entram:
“Que buscais?”

terça-feira, 26 de abril de 2011

21
CAMINHOS RETOS
“E ele lhes disse: Lançai a rede para a banda direita do barco e
achareis.” — (JOÃO, capítulo 21, versículo 6.)
A vida deveria constituir, por parte de todos nós, rigorosa observância dos
sagrados interesses de Deus.
Freqüentemente, porém, a criatura busca sobrepor-se aos desígnios
divinos.
Estabelece-se, então, o desequilíbrio, porque ninguém enganará a Divina
Lei. E o homem sofre, compulsoriamente, na tarefa de reparação.
Alguns companheiros desesperam-se no bom combate pela perfeição
própria e lançam-se num verdadeiro inferno de sombras interiores. Queixam-se
do destino, acusam a sabedoria criadora, gesticulam nos abismos da maldade,
esquecendo o capricho e a imprevidência que os fizeram cair.
Jesus, no entanto, há quase vinte séculos, exclamou:
“Lançai a rede para a banda direita do barco e achareis.”
Figuradamente, o espírito humano é um “pescador” dos valores evolutivos,
na escola regeneradora da Terra. A posição de cada qual é o “barco”. Em cada
novo dia, o homem se levanta com a sua “rede” de interesses. Estaremos
lançando a nossa “rede” para a “banda direita”?
Fundam-se nossos pensamentos e atos sobre a verdadeira justiça?
Convém consultar a vida interior, em esforço diário, porque o Cristo, nesse
ensinamento, recomendava, de modo geral, aos seus discípulos: “Dedicai

  • vossa atenção aos caminhos retos e achareis o necessário.”

segunda-feira, 25 de abril de 2011

20
O COMPANHEIRO
“Não devias tu igualmente ter compaixão do teu companheiro, como
eu também tive misericórdia de ti?” — Jesus. (MATEUS, capítulo 18,
versículo 33.)
Em qualquer parte, não pode o homem agir, isoladamente, em se tratando
da obra de Deus, que se aperfeiçoa em todos os lugares.
O Pai estabeleceu a cooperação como princípio dos mais nobres, no
centro das leis que regem a vida.
No recanto mais humilde, encontrarás um companheiro de esforço.
Em casa, ele pode chamar-se “pai” ou “filho”; no caminho, pode
denominar-se “amigo” ou “camarada de ideal”.
No fundo, há um só Pai que é Deus e uma grande família que se compõe
de irmãos.
Se o Eterno encaminhou ao teu ambiente um companheiro menos
desejável, tem compaixão e ensina sempre.
Eleva os que te rodeiam.
Santifica os laços que Jesus promoveu a bem de tua alma e de todos os
que te cercam.
Se a tarefa apresenta obstáculos, lembra-te das inúmeras vezes em que o
Cristo já aplicou misericórdia ao teu espírito. Isso atenua as sombras do
coração.
Observa em cada companheiro de luta ou do dia uma bênção e uma
oportunidade de atender ao programa divino, acerca de tua existência.
Há dificuldades e percalços, incompreensões e desentendimentos? Usa a
misericórdia que Jesus já usou contigo, dando-te nova ocasião de santificar e

  • de aprender.

domingo, 24 de abril de 2011

19
NA PROPAGANDA
“E dir-vos-ão: Ei-lo aqui, ou, ei-lo ali; não vades, nem os sigais.” —
Jesus. (LUCAS, capítulo 17, versículo 23.)
As exortações do Mestre aos discípulos são muito precisas para
provocarem qualquer incerteza ou indecisão.
Quando tantas expressões sectárias requisitam o Cristo para os seus
desmandos intelectuais, é justo que os aprendizes novos, na luz do
Consolador, meditem a elevada significação deste versículo de Lucas.
Na propaganda genuinamente cristã não basta dizer onde está o Senhor.
Indispensável é mostrá-lo na própria exemplificação.
Muitos percorrem templos e altares, procurando Jesus.
Mudar de crença religiosa pode ser modificação de caminho, mas pode ser
também continuidade de perturbação.
Torna-se necessário encontrar o Cristo no santuário interior.
Cristianizar a vida não é imprimir-lhe novas feições exteriores. É reformá-la
para o bem no âmbito particular.
Os que afirmam apenas na forma verbal que o Mestre se encontra aqui ou
ali, arcam com profundas responsabilidades. A preocupação de proselitismo
ésempre perigosa para os que se seduzem com as belezas sonoras da palavra
sem exemplos edificantes.
O discípulo sincero sabe que dizer é fácil, mas que é difícil revelar os
propósitos do Senhor na existência própria. É imprescindível fazer o bem,
antes de ensiná-lo a outrem, porque Jesus recomendou ninguém seguisse os

  • pregoeiros que somente dissessem onde se poderia encontrar o Filho de Deus.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

18
PURIFICAÇÃO ÍNTIMA
“Alimpai as mãos, pecadores; e, vós de duplo ânimo, purificai os corações.”
— (TIAGO, capítulo 4, versículo 8.)
Cada homem tem a vida exterior, conhecida e analisada pelos que o
rodeiam, e a vida íntima da qual somente ele próprio poderá fornecer o testemunho.
O mundo interior é a fonte de todos os princípios bons ou maus e todas as
expressões exteriores guardam aí os seus fundamentos.
Em regra geral, todos somos portadores de graves deficiências íntimas,
necessitadas de retificação.
Mas o trabalho de purificar não é tão simples quanto parece.
Será muito fácil ao homem confessar a aceitação de verdades religiosas,
operar a adesão verbal a ideologias edificantes... Outra coisa, porém, é realizar
a obra da elevação de si mesmo, valendo-se da auto-disciplina, da
compreensão fraternal e do espírito de sacrifício.
O apóstolo Tiago entendia perfeitamente a gravidade do assunto e
aconselhava aos discípulos alimpassem as mãos, isto é, retificassem as
atividades do plano exterior, renovassem suas ações ao olhar de todos,
apelando para que se efetuasse, igualmente, a purificação do sentimento, no
recinto sagrado da consciência, apenas conhecido pelo aprendiz, na soledade
indevassável de seus pensamentos. O companheiro valoroso do Cristo,
contudo, não se esqueceu de afirmar que isso é trabalho para os de duplo
ânimo, porque semelhante renovação jamais se fará tão-somente à custa de

  • palavras brilhantes.

sábado, 16 de abril de 2011

17
POR CRISTO
“E se te fez algum dano, ou te deve alguma coisa, põe isso à minha
conta.” — Paulo. (FILIMON, capítulo 1, versículo 18.)
Enviando Onésimo a Filêmon, Paulo, nas suas expressões inspiradas e
felizes, recomendava ao amigo lançasse ao seu débito quanto lhe era devido
pelo portador.
Afeiçoemos a exortação às nossas necessidades próprias.
Em cada novo dia de luta, passamos a ser maiores devedores do Cristo.
Se tudo nos corre dificilmente, é de Jesus que nos chegam as providências
justas. Se tudo se desenvolve retamente, é por seu amor que utilizamos as
dádivas da vida e é, em seu nome, que distribuímos esperanças e
consolações.
Estamos empenhados à sua inesgotável misericórdia.
Somos dEle e nessa circunstância reside nosso título mais alto.
Por que, então, o pessimismo e o desespero, quando a calúnia ou a
ingratidão nos ataquem de rijo, trazendo-nos a possibilidade de mais vasta ascensão?
Se estamos totalmente empenhados ao amor infinito do Mestre, não
será razoável compreendermos pelo menos alguma particularidade de nossa
dívida imensa, dispondo-nos a aceitar pequenina parcela de sofrimento, em
memória de seu nome, junto de nossos irmãos da Terra, que são seus
tutelados igualmente?
Devemos refletir que quando falamos em paz, em felicidade, em vida
superior, agimos no campo da confiança, prometendo por conta do Cristo,
porqüanto só Ele tem para dar em abundância.
Em vista disso, caso sintas que alguém se converteu em devedor de tua
alma, não te entregues a preocupações inúteis, porque o Cristo é também teu
credor e deves colocar os danos do caminho em sua conta divina, passando

  • adiante.

terça-feira, 12 de abril de 2011

16
ENDIREITAI OS CAMINHOS
“Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías.” — João
Batista. (JOÃO, capítulo 1, versículo 23.)
A exortação do Precursor permanece no ar, convocando os homens de
boa-vontade à regeneração das estradas comuns.
Em todos os tempos, observamos criaturas que se candidatam à fé, que
anseiam pelos benefícios do Cristo. Clamam pela sua paz, pela presença
divina e, por vezes, após transformarem os melhores sentimentos em
inquietação injusta, acabam desanimadas e vencidas.
Onde está Jesus que não lhes veio ao encontro dos rogos sucessivos? em
que esfera longínqua permanecerá o Senhor, distante de suas amarguras?
Não compreendem que, através de mensageiros generosos do seu amor, o
Cristo se encontra, em cada dia, ao lado de todos os discípulos sinceros.
Falta-lhes dedicação ao bem de si mesmos. Correm ao encalço do Mestre
Divino, desatentos ao conselho de João: “endireitai os caminhos”.
Para que alguém sinta a influência santificadora do Cristo, é preciso
retificar a estrada em que tem vivido. Muitos choram em veredas do crime,
lamentam-se nos resvaladouros do erro sistemático, invocam o céu sem o
desapego às paixões avassaladoras do campo material. Em tais condições,
não é justo dirigir-se a alma ao Salvador, que aceitou a humilhação e a cruz
sem queixas de qualquer natureza.
Se queres que Jesus venha santificar as tuas atividades, endireita os
caminhos da existência, regenera os teus impulsos. Desfaze as sombras que te

  • rodeiam e senti-Lo-ás, ao teu lado, com a sua bênção.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

15
CONVERSÃO
“E tu, quando te converteres, confirma teus irmãos.” — Jesus.
(LUCAS, capítulo 22, versículo 32.)
Não é tão fácil a conversão do homem, quanto afirmam os portadores de
convicções apressadas.
Muitos dizem “eu creio”, mas poucos podem declarar “estou transformado”.
As palavras do Mestre a Simão Pedro são muito simbólicas. Jesus proferiuas,
na véspera do Calvário, na hora grave da última reunião com os discípulos.
Recomendava ao pescador de Cafarnaum confirmasse os irmãos na fé,
quando se convertesse.
Acresce notar que Pedro sempre foi o seu mais ativo companheiro de
apostolado. O Mestre preferia sempre a sua casa singela para exercer o divino
ministério do amor. Durante três anos sucessivos, Simão presenciou
acontecimentos assombrosos. Viu leprosos limpos, cegos que voltavam a ver,
loucos que recuperavam a razão; deslumbrara-se com a visão do Messias
transfigurado no labor, assistira à saída de Lázaro da escuridão do sepulcro, e,
no entanto, ainda não estava convertido.
Seriam necessários os trabalhos imensos de Jerusalém, os sacrifícios
pessoais, as lutas enormes consigo mesmo, para que pudesse converter-se ao
Evangelho e dar testemunho do Cristo aos seus irmãos.
Não será por se maravilhar tua alma, ante as revelações espirituais, que
estarás convertido e transformado para Jesus. Simão Pedro presenciou essas
revelações com o próprio Messias e custou muito a obter esses títulos.
Trabalhemos, portanto, por nos convertermos. Somente nessas condições,

  • estaremos habilitados para o testemunho.

domingo, 10 de abril de 2011

14
EM TI MESMO
“Tens fé? Tem-na em ti mesmo, diante de Deus.” — Paulo.
(ROMANOS, capítulo 14, versículo 22.)
No mecanismo das realizações diárias, não épossível esquecer a criatura
aquela expressão de confiança em si mesma, e que deve manter na esfera das
obrigações que tem de cumprir à face de Deus.
Os que vivem na certeza das promessas divinas são os que guardam a fé
no poder relativo que lhes foi confiado e, aumentando-o pelo próprio esforço,
prosseguem nas edificações definitivas, com vistas à eternidade.
Os que, no entanto, permanecem desalentados quanto às suas
possibilidades, esperando em promessas humanas, dão a idéia de fragmentos
de cortiça, sem finalidade própria, ao sabor das águas, sem roteiro e sem
ancoradouro.
Naturalmente, ninguém poderá viver na Terra sem confiar em alguém de
seu círculo mais próximo; mas, a afeição, o laço amigo, o calor das dedicações
elevadas não podem excluir a confiança em si mesmo, diante do Criador.
Na esfera de cada criatura, Deus pode tudo; não dispensa, porém, a
cooperação, a vontade e a confiança do filho para realizar. Um pai que fizesse,
mecanicamente, o quadro de felicidades dos seus descendentes, exterminaria,
em cada um, as faculdades mais brilhantes.
Por que te manterás indeciso, se o Senhor te conferiu este ou aquele
trabalho justo? Faze-o retamente, porque se Deus tem confiança em ti para

  • alguma coisa, deves confiar em ti mesmo, diante dEle.

sábado, 9 de abril de 2011

13
QUE É A CARNE?
“Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito.” — Paulo.
(GÁLATAS, capítulo 5, versículo 25.)
Quase sempre, quando se fala de espiritualidade, apresentam-se muitas
pessoas que se queixam das exigências da carne.
É verdade que os apóstolos muitas vezes falaram de concupiscências da
carne, de seus criminosos impulsos e nocivos desejos. Nós mesmos,
freqüentemente, nos sentimos na necessidade de aproveitar o símbolo para
tornar mais acessíveis as lições do Evangelho. O próprio Mestre figurou que o
espírito, como elemento divino, é forte, mas que a carne, como expressão
humana, é fraca.
Entretanto, que é a carne?
Cada personalidade espiritual tem o seu corpo fluídico e ainda não
percebestes, porventura, que a carne é um composto de fluídos condensados?
Naturalmente, esses fluídos, em se reunindo, obedecerão aos imperativos da
existência terrestre, no que designais por lei de hereditariedade; mas, esse
conjunto é passivo e não determina por si. Podemos figurá-lo como casa
terrestre, dentro da qual o espírito é dirigente, habitação essa que tomará as
características boas ou más de seu possuidor.
Quando falamos em pecados da carne, podemos traduzir a expressão por
faltas devidas à condição inferior do homem espiritual sobre o planeta.
Os desejos aviltantes, os impulsos deprimentes, a ingratidão, a má-fé, o
traço do traidor, nunca foram da carne.
É preciso se instale no homem a compreensão de sua necessidade de
autodomínio, acordando-lhe as faculdades de disciplinador e renovador de si
mesmo, em Jesus-Cristo.
Um dos maiores absurdos de alguns discípulos é atribuir ao conjunto de
células passivas, que servem ao homem, a paternidade dos crimes e desvios

  • da Terra, quando sabemos que tudo procede do espírito.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

12
EDUCAÇÃO NO LAR
“Vós fazeis o que também vistes junto de vosso pai.” — Jesus.
(JOÃO, capítulo 8, versículo 38.)
Preconiza-se na atualidade do mundo uma educação pela liberdade plena
dos instintos do homem, olvidando-se, pouco a pouco, os antigos
ensinamentos quanto à formação do caráter no lar; a coletividade, porém, cedo
ou tarde, será compelida a reajustar seus propósitos.
Os pais humanos têm de ser os primeiros mentores da criatura. De sua
missão amorosa, decorre a organização do ambiente justo. Meios corrompidos
significam maus pais entre os que, a peso de longos sacrifícios, conseguem
manter, na invigilância coletiva, a segurança possível contra a desordem
ameaçadora. A tarefa doméstica nunca será uma válvula para gozos
improdutivos, porque constitui trabalho e cooperação com Deus. O homem ou
a mulher que desejam ao mesmo tempo ser pais e gozadores da vida terrestre,
estão cegos e terminarão seus loucos esforços, espiritualmente falando, na
vala comum da inutilidade.
Debalde se improvisarão sociólogos para substituir a educação no lar por
sucedâneos abstrusos que envenenam a alma. Só um espírito que haja compreendido
a paternidade de Deus, acima de tudo, consegue escapar à lei pela
qual os filhos sempre imitarão os pais, ainda quando estes sejam perversos.
Ouçamos a palavra do Cristo e, se tendes filhos na Terra, guardai a

  • declaração do Mestre, como advertência.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

10
MEDIUNIDADE
“E nos últimos dias acontecerá, diz o Senhor, que do meu Espírito
derramarei sobre toda carne; os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão,
vossos mancebos terão visões e os vossos velhos sonharão
sonhos.” — (ATOS, capítulo 2, versículo 17.)
No dia de Pentecostes, Jerusalém estava repleta de forasteiros. Filhos da
Mesopotâmía, da Frígia, da Líbia, do Egito, cretenses, árabes, partos e
romanos se aglomeravam na praça extensa, quando os discípulos humildes do
Nazareno anunciaram a Boa Nova, atendendo a cada grupo da multidão em
seu idioma particular.
Uma onda de surpresa e de alegria invadiu o espírito geral.
Não faltaram os cépticos, no divino concerto, atribuindo à loucura e à
embriaguez a revelação observada. Simão Pedro destaca-se e esclarece que
se trata da luz prometida pelos céus à escuridão da carne.
Desde esse dia, as claridades do Pentecostes jorraram sobre o mundo,
incessantemente.
Até aí, os discípulos eram frágeis e indecisos, mas, dessa hora em diante,
quebram as influências do meio, curam os doentes, levantam o espírito dos
infortunados, falam aos reis da Terra em nome do Senhor.
O poder de Jesus se lhes comunicara às energias reduzidas.
Estabelecera-se a era da mediunidade, alicerce de todas as realizações do
Cristianismo, através dos séculos.
Contra o seu influxo, trabalham, até hoje, os prejuízos morais que
avassalam os caminhos do homem, mas é sobre a mediunidade, gloriosa luz
dos céus oferecida às criaturas, no Pentecostes, que se edificam as
construções espirituais de todas as comunidades sinceras da Doutrina do
Cristo e é ainda ela que, dilatada dos apóstolos ao círculo de todos os homens,

  • ressurge no Espiritismo cristão, como a alma imortal do Cristianismo redivivo.

terça-feira, 5 de abril de 2011

9
REUNIÕES CRISTÃS
“Chegada, pois, a tarde daquele dia, o primeiro da semana, e cerradas
as portas da casa onde os discípulos, com medo dos judeus, se tinham
ajuntado, chegou Jesus e pôs-se no meio deles e disse-lhes: Paz seja
convoscO.” (JOÃO, capítulo 20, versículo 19.)
Desde o dia da ressurreição gloriosa do Cristo, a Humanidade terrena foi
considerada digna das relações com a espiritualidade.
O Deuteronômio proibira terminantemente o intercâmbio com os que
houvessem partido pelas portas da sepultura, em vista da necessidade de
afastar a mente humana de cogitações prematuras. Entretanto, Jesus, assim
como suavizara a antiga lei da justiça inflexível com o perdão de um amor sem
limites, aliviou as determinações de Moisés, vindo ao encontro dos discípulos
saudosos.
Cerradas as portas, para que as vibrações tumultuosas dos adversários
gratuitos não perturbassem o coração dos que anelavam o convívio divino, eis
que surge o Mestre muito amado, dilatando as esperanças de todos na vida
eterna. Desde essa hora inolvidável, estava instituído o movimento de troca,
entre o mundo visível e o invisível. A família cristã, em seus vários
departamentos, jamais passaria sem o doce alimento de suas reuniões
carinhosas e íntimas. Desde então, os discípulos se reuniriam, tanto nos
cenáculos de Jerusalém, como nas catacumbas de Roma. E, nos tempos
modernos, a essência mais profunda dessas assembléias é sempre a mesma,
seja nas igrejas católicas, nos templos protestantes ou nos centros espíritas.
O objetivo é um só: procurar a influenciação dos planos superiores, com a
diferença de que, nos ambientes espiritistas, a alma pode saciar-se, com mais
abundância, em vôos mais altos, por se conservar afastada de certos prejuízos

  • do dogmatismo e do sacerdócio organizado.

sábado, 2 de abril de 2011

8
JESUS VEIO
“Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se
semelhante aos homens.” — Paulo. (FILIPENSES, capítulo 2, versículo 7.)
Muitos discípulos falam de extremas dificuldades por estabelecer boas
obras nos serviços de confraternização evangélica, alegando o estado infeliz
de ignorância em que se compraz imensa percentagem de criaturas da Terra.
Entretanto, tais reclamações não são justas.
Para executar sua divina missão de amor, Jesus não contou com a
colaboração imediata de Espíritos aperfeiçoados e compreensivos e, sim,
“aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante
aos homens”.
Não podíamos ir ter com o Salvador, em sua posição sublime; todavia, o
Mestre veio até nós, apagando temporariamente a sua auréola de luz, de maneira
a beneficiar-nos sem traços de sensacionalismo.
O exemplo de Jesus, nesse particular, representa lição demasiado
profunda.
Ninguém alegue conquistas intelectuais ou sentimentais como razão para
desentendimento com os irmãos da Terra.
Homem algum dos que passaram pelo orbe alcançou as culminâncias do
Cristo. No entanto, vemo-lo à mesa dos pecadores, dirigindo-se fraternalmente
a meretrizes, ministrando seu derradeiro testemunho entre ladrões.
Se teu próximo não pode alçar-se ao plano espiritual em que te encontras,
podes ir ao encontro dele, para o bom serviço da fraternidade e da iluminação,
sem aparatos que lhe ofendam a inferioridade.
Recorda a demonstração do Mestre Divino.
Para vir a nós, aniquilou a si próprio, ingressando no mundo como filho

  • sem berço e ausentando-se do trabalho glorioso, como servo crucificado